
Sentado no restaurante para celebrar o 100º aniversário, Manuel Madeira
Caetano frisa: "Escreva no jornal que eu sou o ‘Vinagreiro do Algarve’".
Assim ficou conhecido, "no Alto e Baixo Alentejo", onde "durante 70
anos" foi ‘viajante’. Era agente de bebidas, que vendia pelas terras
onde passava. Apesar da profissão, só uma vez experimentou álcool –
medronho – e não gostou. Aos cem anos, gaba-se, ainda, de nunca ter
tomado qualquer medicamento.

O ‘Vinagreiro do Algarve’ nasceu a 16 de Dezembro de
1912, em Loulé. Contemporâneo e amigo de António Aleixo, recorda que era
ele quem passava para o papel muitas das quadras do poeta, que não
sabia escrever. Manuel Madeira Caetano assegura que tem, igualmente,
‘queda’ para as rimas, e ainda hoje se assume como "um poeta
repentista". A qualidade, de resto, até há pouco tempo, ainda lhe trazia
proveitos. "Ele conduziu até aos 94 anos e só parou porque lhe vendemos
o carro", confidencia a filha, Ana Luísa. "Para renovar a carta ia a um
médico a quem fazia quadras como pagamento", desvenda.
Além
de Ana Luísa, o ‘Vinagreiro do Algarve’ tem outro filho, quatro netos e
três bisnetos, que com ele celebraram, ontem, em Faro, o centenário. A
festa foi ao almoço, no restaurante Seu Café, do qual é um dos
proprietário fundadores. "Foi o próprio restaurante que fez questão de
fazer a festa aqui", explica Ana Luísa. E o pai, com um ar jovial que
desmente a verdadeira idade, nada teve a opor.
Entre
os hábitos diários, que ainda incluem uns passeios a pé, o centenário
tem a leitura do CM. "Há 20 anos que o compro todos os dias", garante
Manuel Madeira Caetano. E, por isso, volta a recomendar: "Escreva lá no
jornal que eu sou o ‘Vinagreiro do Algarve’".
Retirado de C.M.
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