18/12/2012

O Seu Café

Sentado no restaurante para celebrar o 100º aniversário, Manuel Madeira Caetano frisa: "Escreva no jornal que eu sou o ‘Vinagreiro do Algarve’". Assim ficou conhecido, "no Alto e Baixo Alentejo", onde "durante 70 anos" foi ‘viajante’. Era agente de bebidas, que vendia pelas terras onde passava. Apesar da profissão, só uma vez experimentou álcool – medronho – e não gostou. Aos cem anos, gaba-se, ainda, de nunca ter tomado qualquer medicamento.

O ‘Vinagreiro do Algarve’ nasceu a 16 de Dezembro de 1912, em Loulé. Contemporâneo e amigo de António Aleixo, recorda que era ele quem passava para o papel muitas das quadras do poeta, que não sabia escrever. Manuel Madeira Caetano assegura que tem, igualmente, ‘queda’ para as rimas, e ainda hoje se assume como "um poeta repentista". A qualidade, de resto, até há pouco tempo, ainda lhe trazia proveitos. "Ele conduziu até aos 94 anos e só parou porque lhe vendemos o carro", confidencia a filha, Ana Luísa. "Para renovar a carta ia a um médico a quem fazia quadras como pagamento", desvenda.
Além de Ana Luísa, o ‘Vinagreiro do Algarve’ tem outro filho, quatro netos e três bisnetos, que com ele celebraram, ontem, em Faro, o centenário. A festa foi ao almoço, no restaurante Seu Café, do qual é um dos proprietário fundadores. "Foi o próprio restaurante que fez questão de fazer a festa aqui", explica Ana Luísa. E o pai, com um ar jovial que desmente a verdadeira idade, nada teve a opor.
Entre os hábitos diários, que ainda incluem uns passeios a pé, o centenário tem a leitura do CM. "Há 20 anos que o compro todos os dias", garante Manuel Madeira Caetano. E, por isso, volta a recomendar: "Escreva lá no jornal que eu sou o ‘Vinagreiro do Algarve’". 




Retirado de C.M.

Sem comentários: