19/05/2011

Ainda a Chuvada de Ontem...





Chuva intensa inunda Faro

O mau tempo fustigou ontem o País de norte a sul. Vento, trovoada e, principalmente chuva, provocaram estragos, em particular no Algarve, onde na zona de Faro os bombeiros registaram 128 pedidos de socorro, entre as 08h00 e as 14h00.

Na capital algarvia, além das ruas, também as casas particulares, estabelecimentos comerciais e edifícios públicos sofreram inundações. Foi o caso do Teatro Municipal, dos Paços do Concelho e de duas escolas, na Conceição de Faro e no Montenegro. A rua de São Luís foi das mais afectadas. Vários automóveis ficaram parcialmente submersos, lojas e habitações com meio metro de água e uma garagem ficou totalmente submersa, onde chegou a temer-se que estivesse uma vítima.

"Registamos habitualmente inundações no restaurante quando chove muito, mas desta vez foi uma desgraça", disse ao Correio da Manhã Rui Santos, proprietário do restaurante Rainha, que contabilizou enormes prejuízos. "Tive de fechar a porta e tenho as máquinas todas estragadas."

Na habitação ao lado, Hortense Veríssimo, de esfregona em riste, procurava escoar a água, que atingiu "uma altura nunca vista". "Não tive tempo para nada, a água entrou-me em casa num turbilhão e estragou tudo o que tinha na sala". Em Faro, entre as 10h00 e as 11h00, o Instituto de Meteorologia (IM) registou uma precipitação de 49 mm por metro quadrado. Em apenas 15 minutos, nesse período, caíram 30 mm. Ao longo de toda a manhã, entre as 06h00 e as 12h00, o IM registou 80 mm de chuva, quantidade de precipitação que é registada, normalmente, durante todo o mês de Maio.

Na região Centro, o distrito de Santarém voltou a ser o mais fustigado, com inundações em habitações e lojas. A forte chuva que tem caído pode pôr em causa a produção de alguns produtos como o tomate, melão, pimento, batata e cenoura. Já em Pombal, os bombeiros receberam vinte pedidos de ajuda devido a excesso de água nas habitações e parte da cidade ficou sem energia eléctrica durante a madrugada de ontem. O vento destruiu ainda o telhado de uma casa da cidade. Também na Figueira da Foz, a avenida Beira Mar e a rua 10 de Agosto estiveram inundadas, sendo necessária a intervenção dos bombeiros. No Alentejo, registaram-se durante a tarde mais de trinta inundações no distrito de Portalegre, sobretudo em Elvas e Campo Maior. 

MULHER PROCURADA DEZ HORAS EM GARAGEM SUBMERSA

Uma mulher residente num prédio no largo do Mercado, em Faro, foi procurada por bombeiros, Protecção Civil e mergulhadores durante dez horas, na garagem do edifício, que ficou totalmente alagada. Só pelas 22h00, após ser retirada a maior parte da água, é que as autoridades confirmaram que não havia vítimas. Por não estar contactável, suspeitava-se de que a mulher estivesse numa das oito viaturas que ficaram submersas na garagem, que tem entrada pela rua de São Luís. "Pelas 09h30, abri a porta de acesso à garagem e fui atingido por uma autêntica ribeira", contou Francisco Neves, morador no prédio, que conseguiu fugir - deixando para trás a sua viatura submersa. 

CHUVADA ALAGA CASAS

Uma tromba-d'água que caiu ontem, ao início da tarde, em Agrela, Santo Tirso, foi suficiente para deixar ruas e casas alagadas.

"Já moro aqui há 40 anos e nunca aconteceu tal coisa. Inundou tudo em segundos. Ainda pus umas tábuas à entrada de casa, mas não valeu de nada", contou uma moradora na rua do Peso. A mulher, proprietária de uma confecção de interiores, estava a trabalhar quando foi surpreendida pelo mau tempo. "Estávamos 11 trabalhadores na confecção. Começámos a pôr tudo em cima das mesas e protegemos as máquinas. Felizmente, não tivemos prejuízos maiores, mas foi suficiente para ficarmos toda a tarde sem trabalhar", lamentou.

Eram cerca das 14h20 quando a tromba-d'água atingiu algumas zonas da freguesia de Agrela. A rua do Peso foi uma das mais afectadas. A culpa, dizem os populares, é das obras. "Antes havia condutas de saneamento, grandes, por onde escoava a água. Depois, fizeram obras, tiraram-nas ou meteram-nas mais pequenas. Como não conseguem albergar esta quantidade de água, dá nisto", denunciou uma moradora.
A força da chuva provocou ainda alguns constrangimentos no trânsito. Os trabalhos de limpeza prolongaram-se pela tarde. 



1 comentário:

Anónimo disse...

Pensei que só a Câmara tinha cascatas naturais, como vi na TV, mas pelos vistos o Aeroporto tem uma queda de água natural.....