13/12/2010

Uma casa com tecto para todos

Solidariedade: Centro de apoio aos sem-abrigo ajuda cerca de 500 pessoas na cidade de Faro 

Edgar, Custódio ou Jackson. São apenas três nomes. Mais três entre os cerca de 500 que todas as semanas procuram ajuda no Centro de Apoio aos Sem-Abrigo (CASA) de Faro. São cada vez mais aqueles que procuram ajuda. Ao ponto de a Instituição Particular de Solidariedade Social ter deixado de receber novos casos. Afinal, no início do ano apoiavam 50 famílias. Agora, são 200.

"Estou desempregado há cinco anos", conta Edgar, 35 anos, ex-trabalhador da construção civil. O nome é fictício, pois não quer ser identificado, mas o caso é real. "A minha mulher recebe um apoio, pois é doente mental, mas com dois filhos, não chega para tudo", explica, enquanto vai arrumando pacotes de arroz nas prateleiras. Tal como todos os outros utentes desempregados, Edgar ajuda a CASA naquilo que é preciso. O voluntariado é essencial na instituição, que não conta com qualquer apoio.
Jackson é outro dos voluntários--utentes que ontem ajudavam na arrumação do armazém da CASA. Aos 29 anos, para este estudante universitário natural de Cabo Verde o dinheiro "não chega para tudo, e está tudo mais caro". Há dois meses que recorre à ajuda mas também ajuda a instituição. Tal como Custódio Jacinto, 39 anos, ex-agricultor e agora voluntário da CASA que, reconhece, "de vez em quando" também recorre ao apoio.

"Servimos refeições quentes à segunda e à quinta-feira", explica Isabel Cebola, uma das fundadoras da CASA em Faro. "À quarta, damos o pacote semanal, com alimentos diversos, e atribuímos ainda um mensal, com óleo, azeite ou açúcar", continua, "nos dias em que servimos as refeições quentes também damos alimentos para os três dias seguintes". Os donativos vêm de todos os quadrantes, seja restaurantes, hotéis, lojas ou tão-só pessoas que querem ajudar. E se não puderem dar bens materiais, serem voluntários é suficiente.

É o que faz Igor Duarte, 26 anos. Tradutor, com tempo livre, procurou uma instituição em que pudesse contribuir. A CASA surgiu no seu caminho e há três meses que é voluntário. "É importante, pois há muitas pessoas que precisam", confirma. 

PRENDAS DIFERENTES NA CIDADE NATAL

Desde o primeiro dia de Dezembro que a Cidade Natal está instalada à entrada de Faro. A iniciativa reúne debaixo de um enorme toldo um conjunto de instituições do concelho, como a Associação Oncológica do Algarve, o núcleo de Faro da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral ou a Cruz Vermelha, entre outras. Cada entidade, além de divulgar as suas actividades, está a vender artigos elaborados pelos respectivos utentes ou sócios, de forma a angariar fundos para desenvolverem o seu trabalho. Uma oportunidade para cada um comprar uma prenda diferente e ao mesmo tempo ajudar. Existe ainda um espaço para os visitantes colocarem artigos em segunda-mão, bens alimentares, brinquedos, roupas e outros objectos ou mesmo donativos em dinheiro. No último dia da feira, a 23 de Dezembro, tudo será distribuído pelas instituições presentes na Cidade Natal. 

DISCURSO DIRECTO

"HÁ MAIS CARENCIADOS": Macário Correia, Presidente da Câmara de Faro

Correio da Manhã – Há um aumento de famílias carenciadas em Faro?
Macário Correia – Sim, é um facto que a crise económica está a afectar muitas pessoas e há mais carenciados.

– O que tem feito a Câmara?
– Temos trabalhado em conjunto com as diferentes IPSS e outras entidades numa acção de coordenação para que a ajuda chegue a todos os que dela necessitam.

– No Natal a autarquia vai realizar alguma acção especial?
– Só serão atribuídos cabazes de Natal aos funcionários com menos de mil euros de vencimento. Os restantes serão distribuídos pelos carenciados do concelho.
"C.M"

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