08/01/2010

FARO "Stock Out"

Faro rende-se pela primeira vez aos preços 'abaixo de saldo', mas as oportunidades só duram até domingo.
Recuar no tempo, ir ao fundo dos armazéns e descobrir relógios a estrear, de há 20 anos atrás. Relógios Oriente, ao lado dos Gant e Timberland, também eles com desconto: “A marca de relógios Oriente era uma marca japonesa muito boa, com relógios de excelente qualidade, mas que acabou por ficar descontinuada devido às marcas da moda”, explica Nuno Ferreirinha, da Ourivesaria Santo António, talvez o expositor mais inesperado na primeira Feira de Stocks em Faro.
“Temos relógios de homem e senhora para além de prata de lei, com brincos, colares, pulseiras e anéis, com descontos entre 10 a 50 por cento”, diz o ourives, que é um dos 32 expositores em presença.
“Há 30 ou 40 anos que trabalhamos e tínhamos muitos stocks para escoar, trouxemos tudo o que tínhamos, vamos ver o que dá!”, adianta.
O primeiro Stock Out de Faro, promovido pela Associação de Comerciantes do Algarve – ACRAL – tem sobretudo esse propósito, ajudar a escoar os stocks dos comerciantes locais, imprimindo uma nova dinâmica de preços ainda mais apelativa que os saldos.
“As pessoas podem perguntar-se – mas porquê fazer isto quando as lojas estão em saldos?” – diz João Rosado, da ACRAL. “A resposta é simples: porque hoje em dia as marcas impõem as regras dentro das lojas, e nos saldos só é possível vender as sobras do ano anterior, nada mais”, acrescenta. Desta forma, os comerciantes podem escolher livremente quais as colecções a vender, usando ‘preços-bomba’.
“Há vestidos de festa de 160 euros que estamos a vender a 15”, admite Cristina Marques, responsável do grupo de lojas Alfar. Aqui, independentemente da marca das peças, para senhora só há dois preços: 29 euros para os casacos e camisas e 15 euros para as calças e saias. Falamos de marcas conceituadas, como a Arrow, Timberland, Gant, entre outras.
Para perder dinheiro? Talvez não: “Nós queremos mesmo reduzir stocks, porque há peças que vão ficando para trás ou porque são números muito díspares ou porque não saem por outra razão e o armazenamento também tem um preço”, explica Cristina. As instituições de solidariedade social acabam por ser, por vezes, os últimos destinatários das ‘peças sem dono’.
Já a Palloram, outra das lojas de referência da capital algarvia, não se coíbe também de baixar os preços, nem receia que isso influencie o status junto dos clientes. “O ideal seria que nós não precisássemos disto, mas a moda hoje é como os pastéis de nata”, ironiza António Lopes, gerente da loja. “De um dia para o outro, já é velho”, remata.
Este comerciante, bem conhecido na cidade pela forma ‘férrea’ como gere o seu negócio, diz que é preciso uma adaptação aos novos tempos, em que os saldos já não funcionam como antigamente. “Antigamente, as existências (stocks de roupa com muitas peças) eram uma mais-valia, porque havia inflação e os produtos acabavam até por valorizar, hoje é precisamente o contrário”, revela, convencido que está de que os stock outs valem a pena, para clientes e lojistas.
Com preços simbólicos para os stands – pouco mais de 70 euros por cada espaço para os comerciantes, a ACRAL acabou por ter o problema exactamente oposto ao dos lojistas de Faro: não tinha era ‘espaço em stock’ para atender às solicitações, uma vez que a área estava confinada à tenda gigante montada na Praça da Pontinha, em Faro. “Tivemos muitos pedidos à última hora, que acabaram por ficar de fora. Esperamos para o ano ter muito mais comerciantes”, conclui João Rosado, da ACRAL.
O I Stock Out de Faro arrancou sexta-feira às 18h30 e prolonga-se até amanhã, domingo, dia em que abre às 15h00 e fecha às 22h00. Hoje, abre às 15h00 e fecha às 23h00. Com insufláveis para as crianças e dois ‘mimos’ para animar o espaço, o Stock Out de Faro contará ainda com uma passagem de modelos com peças dos stocks para venda, no domingo, a partir das três da tarde, a cargo de duas misses “Algarve Mais”.
Antes da abertura, que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Faro, Macário Correia, já a expectativa era grande, com um número elevado de pessoas à espera, o que faz antever o sucesso da iniciativa, apesar - ou talvez, por causa - da crise.

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