13/12/2010

Presidente da Câmara Municipal de Faro


Todo o país conhece níveis de desemprego preocupantes. Mas a situação do Algarve é ainda pior. As percentagens oficiais são galopantes.
Mesmo no período do Verão, em que por norma os números baixavam bastante, este ano tal não sucedeu.
...As dificuldades sociais estão a sentir-se de forma muito acentuada no litoral algarvio.
E quando as famílias e as empresas mais precisam de ajuda é quando o Estado menos pode.
Em Faro, a casa do Cercado, edifício da Cruz Vermelha está pronto a abrir para apoiar carenciados. Não pode abrir porque a Segurança Social não está em condições de apoiar. O mesmo se passa com mais duas instituições que trabalham com pessoas com problemas de saúde mental. Ou o edifício não avança num caso, ou está pronto e não abre no outro.

Bem perto, está pronto outro edifício para apoiar mães solteiras e com dificuldades sociais e também não abre.
Em todos estes e outros casos, falta a garantia dos acordos e apoios da Segurança Social. Muitas famílias vêem assim a seu sofrimento aumentar, quando mais precisam.
Nos mesmos dias temos a notícia incoerente de que a crise não é para todos, no que toca a ajudar o colectivo num esforço de interesse público.

Podem-se cortar vencimentos e regalias, mas não aos que ganham mais na Caixa Geral de Depósitos, na TAP, nos Hospitais, nos Açores e em tantas outras empresas públicas do Estado.
Isto é uma vergonha e um insulto aos mais pobres. O Governo ao propor, aprovar ou consentir estas situações dá sinal de uma total incoerência na gestão das questões do quotidiano.
Os desempregados crescem e ficam sem subsídios, os edifícios sociais estão prontos e não abrem. Para isto não há dinheiro.

Mas para libertar de qualquer sacrifício e de contribuírem para a crise milhares de dependentes do Estado bem pagos, pode haver toda a condescendência.
As dificuldades são para uns as facilidades para outros, mas de modo totalmente invertido.
O Algarve atravessa um período social dos piores da sua história. E os sinais do Governo para a região são ao contrário do que se esperava.
E a estas dificuldades somam-se as de apoio ao investimento em habitação social, tão necessária a agregados que vivem em condições deploráveis.

A capacidade de apoio do IHRU, em matéria de produção de fogos novos reduziu-se bastante.
Significa que os que vivem nas piores condições, assim terão que ficar mais tempo.
Mesmo para casos tidos como prioritários, como os realojamentos na frágil duna da ilha de Faro, não está seguro que esse investimento para dar conforto e segurança às famílias se possa fazer.
Os que vivem em boas casas, com bons carros, com bons vencimentos estão protegidos pelo Governo e não terão qualquer corte nas suas boas regalias.
Os outros que estão mal, apenas lhes prometem que irão ficar pior.
Deste Governo, que mais poderemos esperar?

José Macário Correia
Presidente da Câmara Municipal de Faro

Sem comentários: